MICROBIOTA DE SOLO E RIZOSFERA AFETADOS POR REJEITO MINERAL

Eryka Letícia Souza Silva, Luane de Sousa Almada, Ludmila Abreu Borges, Luiza Lopes Ricardo Januzzi, Dionéia Evangelista Cesar, Alessandro Del'Duca

Resumo


Introdução:

Rejeito mineral é o que sobra do processo de beneficiamento de minérios, ou seja, o rejeito é um conjunto de minerais sem interesse. Os rejeitos não tratados normalmente são depositados em barragens de contensão. Na cidade de Mariana (MG), em 2015, ocorreu rompimento de uma barragem de contensão. O vazamento pode causar alterações no solo e na água, além de afetar direta ou indiretamente comunidades vegetais, animais e microbianas (BRASIL, 2015). As comunidades microbianas atuam nos processos de decomposição da matéria orgânica, participando diretamente no ciclo biogeoquímico dos nutrientes e, consequentemente, regulando a sua disponibilidade no ambiente (ROUSK; BENGTSON, 2014). Desta forma, é importante avaliar o impacto dos rejeitos sobre a comunidade bacteriana de locais que sofreram alterações com o vazamento de barragens de contensão de rejeitos.

Objetivo:

Quantificar e identificar bactérias de solos e da rizosfera de bambu de áreas afetadas pelo rejeito em uma fazenda na cidade de Barra Longa (MG), região atingida pelos rejeitos de minérios da Barragem do Fundão (Mariana, MG).

Material e métodos:

Dez amostras de solos rizosféricos e dez amostras das raízes de bambu foram coletadas em uma fazenda experimental na cidade de Barra Longa (MG) no mês de março de 2019, em duas regiões distintas. Estas duas regiões se encontravam próximas a um rio que foi atingido pelos rejeitos minerais vazados da barragem em 2015. Cinco pontos foram coletados na margem do rio atingido (maior concentração de rejeito) e outros cinco pontos no barranco próximo ao rio (menor concentração do rejeito). Em laboratório, 1g de cada amostra foi diluído de forma seriada em salina estéril e 100 mL da diluição escolhida foram semeados em placas de Agar Nutriente (AN) em triplicata. Posteriormente, as placas foram incubadas a 37°C por 24 horas. Após o período de incubação, as colônias foram contadas e identificadas morfologicamente.

Resultados e Discussão:

Os valores de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) no solo variaram entre 4,1 e 6,2 x 106 (média 4,4±1,5 x 106) na Margem e entre 1,6 e 6,4 x 106 (média 3,5±1,9 x 106) no Barranco. Já os valores de UFC na raiz do bambu variaram entre 0,6 e 25,0 x 108 (média 7,9±10,2 x 108) na Margem e entre 1,0 e 13,0 x 108 (média 7,0±4,3 x 108) no Barranco. Considerando as médias e desvios destes valores observados, percebemos características distintas dos locais amostrados dentro de cada ambiente, não podendo ser este parâmetro um bom indicador de maior ou menos impacto por rejeitos minerais no solo desta região.

Em relação ao número do morfotipos observados, encontramos 37 morfotipos no solo e 30 na raiz da Margem; 47 morfotipos no solo e 21 na raiz do Barranco. Neste caso, observamos um maior número de morfotipos bacterianos no solos afetados, quando comparamos às raízes do bambu.

Podemos perceber então que a maior densidade de bactérias foi encontrada nas raízes, mas a maior riqueza de morfotipos bacterianos foi encontrada nas raízes do bambu destes ambientes. Isso pode indicar que o solo afetado estaria funcionando como um tipo de estoque para diferentes tipos de micro-organismos, enquanto as raízes disponibilizariam condições mais favoráveis para a estabilização das bactérias de um número menor de morfotipos bacterianos (PATERSON et al., 2007).

 

Conclusão:

Observamos que, independentemente do local, há uma maior riqueza de morfotipos no solo, quando comparada à raiz do bambu.

Palavras-chave: Rejeito, mineração, bactérias rizosféricas

Referências bibliográficas:

BRASIL. Laudo Técnico Preliminar: Impactos ambientais decorrentes do desastre envolvendo o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais.

 

PATERSON, E.; GEBBING, T.; ABEL, C.; SIM, A.; TELFER, G. Rhizodeposition shapes rhizosphere microbial community structure in organic soil. New Phytol, v.173, p. 600–610, 2007.

 

ROUSK, J.; BENGTSON, P. Microbial regulation of global biogeochemical cycles. Frontiers in Microbiology, v. 5, p. 305–307, 2014. doi:10.3389/fmicb.2014.00103.

Palavras-chave


Rejeito, mineração, bactérias rizosféricas

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