Impactos e Intervenções propostas, pelos Profissionais de Educação de uma Instituição Federal de Ensino, em relação ao Bullying
Resumo
Introdução:
O bullying é caracterizado por comportamentos violentos, realizados de forma repetitiva, contra um ou mais alunos que se encontram em desigualdade de poder em relação ao agressor, e que pode trazer graves consequências aos envolvidos, como depressão, ansiedade, insegurança, solidão, difculdade de aprendizagem, delinquência juvenil e suicídio (SILVA; BAZON, 2014; SILVA et al., 2016).
A violência das escolas é um problema que tem preocupado educadores no mundo todo e tem causado enormes prejuízos ao direito à educação, especialmente àquelas crianças em situação de maior vulnerabilidade, como as que pertencem a grupos minoritários (SILVA et al., 2018).
Objetivos:
Conhecer os métodos de ação e intervenção dos profissionais de educação em uma Instituição Federal de Educação do estado de Minas Gerais.
Material e métodos ou metodologia:
Entre os meses de outubro de 2018 a março de 2019, foram entrevistados 15 profissionais em educação, professores, técnicos e terceirizados de uma Instituição Federal de Ensino do estado de Minas Gerais. A entrevista, composta de três questões, objetivou compreender como os entrevistados avaliam o impacto do bullying nos envolvidos, as possíveis ações para reduzir o fenômeno e como podem intervir enquanto profissionais. As entrevistas foram gravadas, transcritas e realizou-se a análise de discurso.
Resultados e Discussão:
Inicialmente, os entrevistados falaram sobre o impacto percebido por eles nos participantes do bullying, e entre todas as respostas obtidas, o que foi mais recorrente é o quanto o agressor se sente bem com o sofrimento da vítima, que por sua vez tem sua autoestima afetada, baixo rendimento acadêmico e, até, quadros de depressão, além de ambos levarem esses sentimentos para a vida adulta. Outros consideram que esse comportamento traz danos aos dois lados, e que, algumas vezes, o agressor não tem noção da gravidade do seu comportamento, encarando como uma brincadeira, como citado por um dos entrevistados quando afirma que “relativizam a situação”. Pode-se, a partir dos relatos estabelecer que os profissionais em educação conhecem os efeitos perniciosos do bullying, no entanto, ainda persiste a tolerância com o fato ao caracterizá-lo como uma “brincadeira”, indicando, talvez o despreparo na identificação do fenômeno (SILVA et al., 2018).
A maioria dos profissionais afirmou que o diálogo é o melhor recurso para conscientização dos alunos acerca do tema, por outro lado, outros entrevistados afirmaram que preferem “encaminhar diretamente ao setor responsável”. Alguns profissionais entrevistados se ressentem de falta de instrumentos para lidar com o fenômeno: “muitas vezes eu me sinto de mão atadas porque eu não sei até que ponto eu posso entrar no assunto e tentar explanar o assunto sem deixar o menino ficar constrangido”, o que foi corroborado por Silva et al (2014), que relata a dificuldade de profissionais da educação em identificar agressões, devido a fragilidade na formação.
Por fim, alguns consideram que esse comportamento agressivo pode estar relacionado à falta de regras e limites, que deveriam ser ensinados em casa. As possíveis ações citadas pelos entrevistados, que poderiam ser desenvolvidas pela instituição para mitigar os casos de bullying são, quase, unanimemente, a realização de palestras, organização de grupos de conversa e dinâmicas a fim de promover a integração dos alunos e inclusão do tema no seu cotidiano, além de disponibilizar assistência especializada, como proposto por Borba e Russo (2011) e por Nikodem e Piber (2011).
Conclusão:
No presente trabalho pôde ser verificado que os profissionais em educação muitas vezes diminuem a amplitude de consequências do bullying, sentem-se sem instrumentos para intervir e afirmam que conversas, palestras e dinâmicas de grupo possam fornecer espaços para que o fenômeno seja discutido e sua ocorrência minorada. Por outro lado, podemos aventar a possibilidade de cursos de formação específica para os profissionais em ensino que convivem diretamente com os discentes.
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