Parasitos como indicadores de segregação de nicho em duas espécies simpátricas de Astyanax Baird & Girrard, 1854(Characiformes; Characidae) do Rio Paraibuna, Minas Gerais, Brasil

Amanda Silva Ferreira Landim, Sara Aureliano Nogueira, Adriano Reder de Carvalho

Resumo


Introdução:

        A segregação trófica em peixes congenéricos simpátricos, tem demonstrado que a dieta difere quanto ao tipo de alimento, tornando a flexibilidade alimentar e a onivoria características importantes em espécies de peixes de água doce neotropicais.

        Os peixes do gênero Astyanax Baird & Girrard, 1854, viulgarmente chamados de lambaris, são de pequeno porte, ampla distribuição, de comportamento bentopelágico e hábito alimentar onívoro oportunista.

Objetivos:

        O objetivo do presente trabalho foi estudar as infrapopulações e comunidade componente de nematóides parasitos de duas espécies simpátricas do gênero Astyanax do rio Paraibuna, município de Simão Pereira, Minas Gerais.

Material e métodos:

        Entre março e julho de 2019 foram adquiridos, mortos, peixes do Rio Paraibuna, Município de Simão Pereira (22°00’38.5”S e 43°18’54.7”O), Minas Gerais, Brasil. Todos os peixes capturados foram transportados para o laboratório de Biologia do IF Sudeste MG – Campus Juiz de Fora, onde procedeu-se a necropsia. Todos os orgãos foram examinados em microscópio estereomicroscópio. Os parasitos foram coletados, quantificados e processados segundo Amato et al. (1991).

          Para o estudo infrapopulacional foram calculados os descritores de prevalência, abundância média e intensidade média (BUSH et al., 1997). Para o estudo da similaridade entre as comunidades parasitárias foi calculado os índices de Jaccard (CJ) e Sorensen (CS) (MAGURRAN, 1988)

Resultados e Discussão:

          Vinte e um espécimes de Astyanax sp.1 (13 machos e 8 fêmeas) e 24 de Astyanax sp.2 (12 machos e 12 fêmeas) foram necropsiados. Nas espécie Astyanax sp.1, 18 (85,7%) estavam parasitados, com abundância parasitaria média foi 1,2±1,2 parasitos/peixe. Em Astyanax sp.2, oito (33,3%) hospedeiros estavam parasitados, com abundância parasitaria média foi 0,7±1,1 parasitos/peixe. No total, foram coletados 42 nematóides, pertencentes a três espécies, sendo que Procamallanus (Spirocamallanus) inopinatus e as larvas de anisaquideos, foram registradas em ambas espécies de hospedeiro, mas obtiveram maiores índices parasitários em Astyanax sp.1. Por outro lado, Dichelyne sp. ocorreu apenas em Astyanax sp.2, apresentando maiores índices parasitológicos nesse hospedeiro.

          Os indicadores de similaridade qualitativo de Jaccard e quantitativo de Sorensen, entre as comunidades componentes das duas espécies de Astyanax, indicaram baixa semelhança tanto na composição de espécies, CJ = 0,039±0,157, quanto na abundância relativa das espécies, CS = 0,049±0,184.

                  Os resultados do presente trabalho confirmaram que a estrutura da comunidade parasitária é diferente entre as espécies simpátricas de Astyanax. Em estudo realizado por Lopes et al. (2016), coma dieta de lambaris em simpatria, concluiu que, podem coexistir com um baixo nível de competição trófica, minimizada pela plasticidade e segregação espacial. Essa diferenciação na predileção do ítem alimentar pode ter contribuído para o perfil verificado nas comunidades componentes, visto que P. (S.) inopinatus e os anisaquídeos utilizam como primeiro hospedeiro intermediário crustáceos (MORAVEC, 1994), enquanto que Dichelyne sp. utiliza-se de poliquetos como primeiro hospedeiro intermediário (PRONKINA et al., (2017)

Conclusão(ões):

        Pode-se concluir que, no presente trabalho, as comunidades componentes de parasitos de espécies simpátricas de Astyanax foram diferentes e que uma das variáveis que pode ter contribuído para o perfil verificado, foi a variação da dieta entre as duas espécies, garantida pela plasticidade alimentar apresentado por esse gênero de peixe.


Palavras-chave


ecologia parasitária, ictioparasitologia, lambari

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